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“A análise com a criança tem um destaque especial em relação ao que nos pode ensinar sobre o vivo do discurso analítico”. Esta é a aposta feita por Rosine Lefort ao marcar a unidade da psicanálise, outro modo de dizer que a psicanálise é uma só e que, consequentemente, não existiria uma psicanálise de crianças, menos ainda uma especialidade clínica – demanda crescente na atualidade e que trabalhamos incansavelmente para esvaziar. 

Devemos também a Rosine Lefort a afirmação contundente de que a criança é um analisante de pleno direito; acentuando que a temporalidade lógica do sujeito não é causada pelo desenvolvimento e sua cronologia evolutiva. Não se trataria aqui de um preceito, mas de uma posição ética sustentada no desejo do analista, para o qual não há especificidade diante de uma criança.   

A ideia de propor uma edição da Revista Traço composta por textos em torno ao tema da psicanálise com crianças, acompanha a pesquisa e o exercício da transmissão que iniciamos neste ano no Gerar, inscrevendo mais esta temática àquelas que já circulam no Instituto. 

Em nossas incursões pela história da psicanálise lacaniana com crianças verificamos a proximidade que Lacan manteve com as psicanalistas que estiveram nos inícios (Maud Mannoni, Rosine Lefort, Françoise Dolto e Jenny Aubry) e o modo como optou por não destacar, separar ou departamentalizar a psicanálise com crianças.

Nesta 3ª edição da Revista Traço reafirmamos a psicanálise com crianças na unidade da psicanálise e apostamos na clínica com crianças como um trecho, entre outros, na formação dos analistas. 

Os belíssimos textos aqui reunidos dão testemunho da vivacidade que pode habitar a clínica com crianças e as temáticas que se localizam em seu entorno, dando mostras de um fazer que se destaca na experiência do analista. 

Contamos também nesta edição com textos e ensaios que versam sobre outras temáticas, mantendo o caráter plural da revista e renovando seu compromisso com a pesquisa, a transmissão e, sobretudo, a ética psicanalítica.