Num momento em que a clínica e a teoria psicanalíticas são convocadas a participar do espaço público com urgência e assertividade, a Revista Traço ganha corpo com o intuito de compor, junto a tantos outros espaços editoriais, uma frente implicada com a pesquisa, a transmissão e, sobretudo, a ética psicanalítica. Para tanto, toma como incontornáveis dois esforços: primeiro, habitar a história da psicanálise de maneira ativa, estabelecendo diálogos, realizando trocas e propondo tensões com os caminhos já percorridos; segundo, estar à altura de seu momento histórico, reconhecendo e abrindo espaço para questões atuais, de modo a sempre tomar a psicanálise enquanto uma práxis que não pode ser apartada de outros saberes e disciplinas.
Essa inscrição demanda uma dupla abertura, tanto em relação aos formatos de texto apreciados quanto à pluralidade temática. Desse modo, a Traço não se restringe à publicação de artigos acadêmicos, abarcando também propostas ensaísticas variadas. Ademais, para além de discussões com caráter mais interno em relação ao pensamento psicanalítico, valorizam-se trabalhos que estabeleçam diálogos com diferentes campos, visando ao descentramento tão caro à própria comunidade psicanalítica. Sendo uma publicação do Instituto Gerar, marca-se a inscrição de temáticas que já fazem parte das atividades do instituto, como transmissão, relações raciais, gênero, parentalidade e perinatalidade, clínicas públicas etc. Mas serão igualmente prestigiados os trabalhos que transitam por outras searas, reafirmando-se o valor da pluralidade de pensamento.
Este primeiro volume já instaura tal pluralidade, contando com textos de autores de diferentes lugares e tradições. Alguns que têm como foco a questão da formação, outros que tocam em outras questões não menos importantes. Além de contar também com a potente imagem da capa gentilmente cedida por Virgílio Neto, e com as ilustrações dos artigos feitas por Ana Pacheco Gavião.